terça-feira, 2 de setembro de 2003

Quem tem medo de Rui Teixeira?

Os motivos que levaram à suspensão da audição das testemunhas do caso Casa Pia são a imagem do que é o nosso País. O nosso sistema judicial, como diz esse génio que é o Bastonário da Ordem dos Advogados, está a funcionar perfeitamente neste caso. Estará? Em vez de andarmos neste momento a discutir a evidência, ou não, dos testemunhos, estamos a discutir se o Juiz é ou não imparcial. Em vez de avançarmos para a condenação, exemplar, dos culpados e a , eventual, absolvição dos inocentes, estamos a ver ser lançada areia para os olhos do "Zé Povinho". Este Juiz não serve porque não quer que o caso Casa Pia venha a conhecer o mesmo desfecho que o seu homólogo "Ballet Rose" teve, no início da década de 70. Permitam-me a Boçalidade, as moscas eram outras mas o cheiro é o mesmo.
Todo este esgrimir de conceitos juridicos faz-me lembrar aquilo que um amigo, meu Professor no 1º Ano de Direito na Universidade Católica, me confidenciou uma tarde, quando lhe perguntei se nunca tinha ajudado a absolver um cliente seu que fosse de facto culpado; Respondeu-me ele: " Uma vez, senti-me mal, mas consegui que um cliente meu, ladrão de automóveis, fosse absolvido devido a uma lacuna na Lei "
Permitam-me um exercíco, meramente especulativo, e se os réus deste caso Casa Pia fossem outros, por exemplo o "Ti Manel Pastor", o "Ti Jaquim da Horta" ou então fizessem parte de alguma minoria étnica, por exemplo negro, cigano ou emigrante de Leste. Será que o mediatismo seria o mesmo? Será que os advogados de defesa seriam os mesmos? Será que nesse caso o juiz, tendo o mesmo comportamento que Rui Teixeira tem adoptado, também não mereceria confiança e seria acusado de parcialidade? Ou muito me engano ou este caso irá ficar adormecido, esquecido mesmo. Ou muito me engano, ou daqui a uns anos, um qualquer Moita Flores do futuro, irá escrever um argumento para uma série de TV, contando como funcionava a Justiça em Portugal no início do Século XXI.
Eu acredito na Justiça, eu acredito que os culpados deverão ser, Exemplarmente, punidos e os inocentes, Exemplarmente, ressarcidos desta longa situação de prisão preventiva, de linchamento popular. Deixem a Justiça ser isso mesmo, Justa. O problema é que a Justiça é exercida pelos Homens e esses, infelizmente, Erram!

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