quarta-feira, 2 de julho de 2003

Vida de Solteiro

São quase 6 da manhã e eu aqui, agarrado ao computador em vez de estar agarrado a uma mulher...presumo ser essa a outra opção, plausí­vel, para estar ocupado, estando acordado, a esta hora matinal. Certamente que a esta hora são já muitos aqueles que se preparam para mais um dia de trabalho, mas o desemprego tem destas coisas, além disso, convenhamos, que acordar ás 6 da manhã para ir trabalhar é coisa de loucos...ou de pobre como diria o personagem do "Sai de baixo" o inimitável Caco. Ainda agora passou aqui na rua a "ambulância do lixo", forma carinhosa como designo o carro do lixo e por coincidência, ou talvez não, vejo na tvi a promoção ao big brother 4..."a um passo da fama" dizem eles. Não se pense que o facto de acumular o desemprego com a vida de solteiro está relacionado, nada disso. Em primeiro lugar não sou, em bom rigor, solteiro... sou divorciado, há 7 anos, o que é desde logo uma vantagem, sempre se pode dar conselhos aos amigos mais novos para que não sigam o nosso exemplo, depois o desemprego só aconteceu há mais ou menos 1 mês (grande alegria que alguns juizes, advogados e jornalistas devem sentir neste momento). Mas a minha vingança é que eu estou desempregado mas não tenho que aturar as mulheres, e em alguns casos os homens que eles, alguns deles, aturam. Nada melhor que poder deixar as camisas sujas no chão da casa de banho, as cuecas cagadas e as meias fedorentas espalhadas em cima da cadeira do quarto, os casacos pendurados nas costas das cadeiras ou nas maçanetas das portas, poder beber uma cerveja com os pés em cima do sofá ou estar simplesmente no computador até à hora que me apetecer. Que bom que é não escutar aquelas vozinhas estridentes (que as mulheres adoram fazer para nos foder a cabeça) gritando..."Olha a merda da camisa no chão" ou então "Foda-se sou tua criada ou quê? Arruma a merda das meias e das cuecas". É obvio que o vernáculo aqui utilizado é caracteristico de mulheres vulgares e não as vulgares mulheres com que ilustres figuras e figurões partilham o leito sagrado. Viver sozinho é um prazer sublime, ver nascer o dia na serra da Arrábida sem ter que ir para a cama porque não vão elas pensar que estamos a ligar para a sevretária ou para uma qualquer colega de trabalho. Depois temos outra grande vantagem, sublime, um homem solteiro só come quem quer, pelo menos alguns, não há mais aquela merda da foda caridosa, da queca contratual, da pinocada domingueira. Nada disso, gajo que é gajo e vive sozinho fode quem quer, da maneira que quer e quando quer...bem pelo menos em teoria e nas conversas entre amigos. Sim porque temos que manter o status, há que fomentar a aura de felizardo que temos perante os nossos amigos casados...coitados. Nós somos o seu farol, o exemplo que lhes anima as vidas insípidas e rotineiras, é certo que nunca somos bem vistos pelas mulheres deles, sim porque nós somos um mau exemplo para os nossos amigos casados, elas, as mulheres dos nossos amigos, temem pela segurança do lar, mas nós sentimo-nos super-heróis. Sim é disso mesmo que se trata, para os nossos amigos, privados da sua liberdade, nós os solteiros, somos a derradeira esperança de que existe vida para além do casamento!!! Agora vou dormir...é que daqui a bocado vou almoçar com a minha ex mulher...Ah pois é...só nos filmes é que a vida é perfeita e existem finais felizes...e não é sempre...

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